[Ficção] A velha

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DeletedUser28319

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Desde que tu te inscreveste neste fórum, fiquei com uma dúvida tua:

Como é que escreves tão bem? :cool:
 

DeletedUser14254

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Capítulo 6

- Não acredito, tu aqui?
João mostrava - se surpreso com quem acabara de encontrar, na mesma sala que ele.
- Não me digas que também foste chamado à ONU... - continuou João, em tom irónico.
- Por acaso fui! Também te ameaçaram ali dentro?
- Sim, caso contrário não estaria aqui.
- Há quanto tempo...
Os dois continuaram a conversa a que André se mantinha alheio. João não via Diogo há três anos desde que partiram juntos numa investigação à Cidade do México.
- Todos os investigadores se devem dirigir à sala dois. Todos os investigadores se devem dirigir à sala dois - dizia em inglês uma voz saída de um altifalante.
A conversa entre os dois amigos foi interrompida. André disse:
- Alguém sabe onde fica a sala dois?
Para sua surpresa, Diogo respondeu prontamente:
- Claro, durante o tempo que cá estive andei a vasculhar a zona. Sigam - me.
Os dois amigos assim o fizeram. Enquanto João e Diogo continuavam uma conversa a que André não prestava o mínimo interesse, este foi observando atentamente o local onde estavam. Como era possível uma organização daquele tamanho manter ações secretas no subsolo?
Diogo apontou para umas escadas. João e André perceberam que iriam ter de descer por lá e assim o fizeram. Iam na frente quando Diogo os interrompeu:
- Tenham calma! Eu vou à frente.
Diogo manteve a liderança e começou a descer pela escadaria. João, e por fim André, seguiram - no. Estes notavam que, à medida que desciam, se tornava mais quente o que era deveras estranho e levou João a fazer uma intervenção:
- Estaremos perto do núcleo terrestre?
Os outros dois desataram - se a rir da questão de João. Mas esse riso não durou muito tempo, pois foi interrompido por um grito de André.
- Aaaahhhh!
Este tinha acabado de se assustar pois sentira movimento nas suas costas. Quando olhou para trás, verificou que era apenas mais um grupo de cientistas, possivelmente alemães (concluiu André pelo seu aspeto) que pretendiam descer.
- Não João, não estamos perto do núcleo do planeta - disse Diogo.
Os três continuaram a descida, agora em passo mais rápido, intimidados pelo grupo de alemães que vinha atrás deles.
No fim, Diogo indicou a porta e disse:
- Chegamos.
Quando entraram, verificaram que havia sete cadeiras vazias. Na frente, um homem musculado, com ar rude, gritava nomes, com pronúncia inglesa:
- Robert Müller. Arne Kießling. Hans Marin. Piotr Jansen.
Dizia outro nome sempre que alguém lhe respondia como presente.
- João Madureira.
João soltou uma risada ao ouvir o seu nome dito por um inglês, o que soava mais como "Joau Mádureira".
- João Madureira? - continuou a insistir o senhor, na ausência de resposta.
- Presente - disse João.
O homem disse ainda os nomes de André e Diogo. Contente por estarem todos presentes, deu início à formação.
- Cidade: Panzhihua. Acontecimentos: Inexplicáveis. Perigo da missão: C, numa escala de A a H sendo A o nível mais elevado.
Ah, é verdade. Chamo - me Tom Murray. Continuando... Panzhihua é uma cidade chinesa localizada na região de Sichuan. Localiza - se a 26º34'N 101º42'E. Estão a tirar notas?
João tirou imediatamente um bloco de notas do bolso. Verificando que não tinha caneta, pediu uma emprestada a Diogo. Depois, copiou tudo o que André já havia escrito, enquanto Tom continuava o seu discurso.
- Uma série de fenómenos inexplicáveis têm acontecido nesta cidade. Recentemente uma escola de cientistas e investigadores, a nossa melhor escolta, desapareceu lá. Vocês, os nossos segundos escolhidos, não terão por isso muitas hipóteses de sucesso. A vossa função é investigarem o que lá se passa. Comuniquem com a população local, recolham o máximo de informação. Não deixem nenhum detalhe escapar. Tenham muito cuidado, a vossa vida pode estar em perigo a partir do momento em que lá coloquem os pés. Os meus assistentes vão agora distribuir, por todos vocês, um livro. Esse manual, a que chamei "Guia dos dois rios" tem todas as informações acerca desta missão. Tem ainda tudo o que sabemos até agora e funciona também como um manual para tudo o que terão de saber fazer enquanto lá estiverem, como falar o chinês mandarim. À saída, ser - vos - à entregue todo o material que necessitem. Alguma dúvida?
Perante o silêncio dos "espectadores", Tom deu luz verde para abandonarem a sala. No dia seguinte, partiriam para Panzhihua.
 

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so um erro a reclamar (xD)

Tenham muito cuidado, a vossa vida pode estar em perigo a partir do momento em que lá coloquem os pés

devia ser

Tenham muito cuidado, a vossa vida pode estar em perigo a partir do momento em que lá colocam os pés
 

DeletedUser14254

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so um erro a reclamar (xD)

Tenham muito cuidado, a vossa vida pode estar em perigo a partir do momento em que lá coloquem os pés

devia ser

Tenham muito cuidado, a vossa vida pode estar em perigo a partir do momento em que lá colocam os pés

Não. Estou a usar o presente do conjuntivo do verbo colocar que se conjuga da forma:

(que) Eu coloque
(que) Tu coloques
(que) Ele coloque
(que) Nós coloquemos
(que) Vós coloqueis
(que) Eles coloquem

Edição: De referir que coloquei a negrito o pronome pessoal Eles e a sua conjugação pois os verbos com o pronome pessoal formal você conjugam - se na terceira pessoa do plural.
 
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Muito Boa Rafita Tou a seguir a tua e a do Bernas e estão muito boas...

Continua e tou espera do prximo Capitulo
 

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ok rafita obg pela explicação

viper tens de ler a minha :p

va quando meteres meto outro coment
 

DeletedUser20281

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muito bom :) quer dizer está espetacular

Continua assim

Cumps,
insypxis
 

DeletedUser14254

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Capítulo 7

Foi indicado a todos os cientistas que fossem imediatamente para as camas que se encontravam espalhadas pelas instalações, visto que teriam de se levantar cedo na manhã seguinte. Estes, que já nem sabiam que mais haveriam de fazer, cumpriram com o que lhes foi ordenado. Dos três portugueses presentes, André foi o primeiro a deitar - se, seguido de João e Diogo. Estes tentaram ficar o mais próximo possível uns dos outros e para felicidade deles, conseguiram arranjar lugar numas camas juntas à de André. Depois de todos se deitarem, o silêncio reinou pela primeira vez nas instalações. Bom... pelo menos durante alguns segundos, já que de vez em quando um ou outro se mexia e as camas faziam barulho. Os três amigos, para não perturbarem o silêncio que abundava, resolverem conversar via SMS. De início ainda perturbaram o sono dos restantes uma vez que João se esquecera de colocar o seu PDA no silêncio, mas depois o "problema" foi resolvido. A conversa deve ter - se tornado monótona, já que dos três, Diogo foi o primeiro a adormecer, seguido de João e, por fim, André.
No dia seguinte, um ruído enorme interrompeu o sono dos que se encontravam ainda adormecidos no SSE. João abriu os olhos, com dificuldade devido à luz artificial que era irradiada pelas lâmpadas, e olhou para o seu relógio.
- Quatro da manhã?! - pensou.
Uma voz desconhecida saía dos altifalantes:
- Todos os investigadores se devem dirigir à secção B-18 para se proceder ao seu transporte. Aconselha - se a que levem apenas o indispensável, todas as bagagens serão revistadas e todo o material prescindível não irá seguir viagem.
A algazarra nesse momento foi enorme. Pessoas a correrem de um lado para o outro procurando os seus pertences e, por vezes, pertences de outras pessoas que lhes pudessem ser úteis.
João estava ainda a levantar - se da cama e já André e Diogo se encontravam à sua frente, prontos para seguir viagem.
- A tua bagagem está aqui - disse o segundo, dando - lha para as mãos.
- Vamos para Panzhihua - disse André.
Os três seguiram para a área indicada e mais uma vez, Tom estava a fazer contagem de presenças. Os portugueses chegaram mesmo a tempo de responderem à chamada e João voltou a rir - se quando ouviu o seu nome dito pelo instrutor.
Foi pedido a todos que formassem uma fila indiana por ordem aleatória. Depois começaram a ser revistadas as bagagens de todos os investigadores e o desnecessário era atirado para o chão, sem dó nem piedade.
Depois de todos revistados, foram levados até à superfície, onde seis autocarros os esperava para os transportar até um aeroporto. Eram cerca de duzentos cientistas e com certeza que nem todos os autocarros seriam necessários.
- Nós fazemos parte de a elite de investigadores e ser transportados de autocarro? Uma limusina no mínimo não?! - gritava João em tom de protesto.
Se esperava resposta, então o que obteve foi deceção, já que ninguém se dignou sequer a prestar atenção às suas palavras.
Depois de todos estarem no autocarro (apenas quatro deles foram ocupados), a viagem iniciou - se. Para azar de Diogo, João sempre teve por hábito enjoar em autocarros. Ora esta viagem não foi exceção e teve de vomitar duas vezes até chegarem ao destino.
Já no aeroporto, e depois de se cumprirem todas as formalidades necessárias, deram entrada no avião que os levaria a Panzhihua, aliás, a Guangzhou, de onde seriam depois transportados até Panzhihua. A viagem levou uma eternidade, e quando finalmente aterraram em terras chinesas, entraram novamente em autocarros. Desta vez havia apenas dois, pelo que alguns investigadores tinham, ou de fazer a viagem de pé, ou encontrar alguém que se disponibilizasse a sentir - se mais desconfortável e partilhasse o banco com eles. A viagem até Panzhihua foi dura, principalmente para João que mais uma vez voltou a sentir - se enjoado mas não se podia levantar ou perderia o lugar. Mal sabia ele que a verdadeira sensação de enjoo ainda estava para vir...
 
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DeletedUser14254

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Capítulo 8

Depois de uma longa viagem, o autocarro chegou a Panzhihua e os investigadores começaram a sair ordenadamente. A visão que tinham quando pisavam o solo era ainda pior do que se poderia imaginar. O chão estava lamacento, não havia vegetação. Ainda assim, havia uma ligeira poeira no ar. Ao longe, podia avistar-se o leito do rio. Um rio que, naquela altura do ano, deveria estar cheio, mas estava praticamente no fundo. Podiam ver-se algumas casas mas em nenhuma delas havia o mínimo sinal de vida. De quando em vez, um animal amedrontado passava a correr na terra plana. Mas o pior de tudo era o odor nauseabundo que pairava e que todos partilhavam.
- Chegamos a Panzhihua senhores. Irão passar aqui os tempos de maior provação da vossa vida - dizia Tom, que acrescentou - se há Inferno, talvez lá queiram passar umas férias depois de e sobretudo se saírem daqui vivos.
Nesse momento, João comentou com André:
- Eu já não ouvi este discurso em algum lado?
- Sei lá se ouviste ou não - respondeu André, friamente.
Depois, Tom e os investigadores foram de autocarro à sua base que se situava em Dong District, antes a área mais habitada de Panzhihua, hoje uma região totalmente coberta pela sua base militar. Ao todo 167 km2.
Mais uma vez, João comentou:
- Antes moravam aqui trezentas e vinte mil pessoas. O que se passará nesta cidade que as levou a todas a sair daqui para ser contruída a nossa base?
João foi ignorado por André. Preparava-se para o repreender pela sua falta de atenção quando ficou surpreendido ao olhar para a sua frente. À volta de toda a área de Dong District, havia um enorme muro, com cerca de trinta metros de altura. O autocarro entrou por um grande pórtico depois de Tom ter tomado os procedimentos necessários à sua abertura.
- Nós estámos a combater gigantes e alguma coisa assim? - perguntou João, boquiaberto.
Quando pensava que ai ser ignorado, Tom respondeu-lhe:
- Meu filho, tomáramos nós que fossem gigantes...
João, a princípio, pensou em repreendê-lo por o ter chamado de filho e ainda por cima dele. Mas depois pensou no resto da oração que Tom acabara de proferir.
- Mas você não diz que não sabem o que passar aqui?
- E na realidade não sabemos, não sabemos nada e isso é que nos preocupa. Este muro já teve de ser reconstruído, pois algo ou alguém o demoliu. Que criatura seria tão forte ao ponto de demolir este muro?
João não respondeu. Não sabia o que responder.
Entretanto, ainda antes de entrarem na base, André vira algo que o intrigou, junto à esquina de uma moradia que se encontrava perto do portão de entrada.
- João, eu vi ali atrás uma coisa e... eu acho que era uma pessoa mas... na viagem para cá não vimos pessoa nenhuma, porque haveria eu de avistar uma agora?
João a início pensou em ignorá-lo como ele fizera com ele. Porém, resolveu não o fazer.
- Pode ter sido um animal... ou então não vimos ninguém para cá porque todas as pessoas estão escondidas dentro de casa e essa tal pessoa pode sentir-se mais segura perto da base e sair à rua...
- Sim... pode ser... mas era uma pessoa muito estranha. Olhou fixamente para nós...
- Então ela também pode dizer que tu és estranho, porque para saberes que olhou fixamente para nós, tiveste de olhar fixamente para ela!
André resolveu ignorar a situação. Talvez João até tivesse razão. De qualquer das formas, estavam dentro da base e tinham uma árdua missão pela frente: desmontar tudo e organizar tudo o que precisariam, e por fim, ir dormir!
 
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DeletedUser14254

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Capítulo 9

Cada grupo de cientistas tinha direito a ficar hospedado numa moradia. A João, André e Diogo calhou-lhes a casa marcada com o número 18. André perguntava-se porquê a razão de a base se situar em Dong District, já que esta se situava rodeada por outras zonas da cidade: Yanbian County, a este, Renhe District, a nor-nordeste e a sul e Xi District, a oeste. Basicamente, em caso de aperto, não havia saída sem ser necessário passar pelo território "hostil".
João e André levavam as suas mochilas até à casa 18, enquanto André acarretando a sua, os seguia. Pelo caminho, foi notando nas casas onde os outros investigadores ficariam hospedados. Eram casas tipicamente chinesas, umas em melhor estado que as outras. De vez em quando encontravam letreiros escritos em Chinês Mandarim, provavelmente de lojas ou outro tipo de estabelecimento. Pelo caminho, André tentava decifrar um pouco dos símbolos, que a ele não pareciam mais que desenhos, e numa das lojas pôde ler "Oculto". O resto do letreiro foi-lhe impossível de entender, visto que os seus conhecimentos da língua local eram ainda básicos, porém mais avançados que os de João que passara o tempo todo a dizer que aprendera uma nova palavra.
Na frente, João mostrava sinais de cansaço e André ofereceu-se para o ajudar.
- Arigato - disse João.
- João, "arigato" é japonês, não chinês mandarim - disse Diogo, em tom de troça.
André soltou uma pequena risada, olhou em frente e viu o número 18.
- Venham, a nossa casa é ali à frente!
Quando os três chegaram à casa que iriam habitar durante os próximos tempos, ficaram um pouco espantados com o tamanho dela.
- É suposto que vivamos os três nesta miniatura?! - disse João, espantado.
- Parece-me que sim - respondeu-lhe Diogo.
João levantou o olhar para tentar avistar Tom, não o encontrando, disse, intrigado:
- Mas isto tem ao menos três quartos? É que pelo tamanho se tiver um quarto e uma cozinha já vamos com sorte!
André disse, ironicamente:
- O nosso maior problema é se não tiver uma casa de banho. Aliás, devia ter três!
- Casa de banho?! - dizia João - Estou mais preocupado com os quartos, é que eu não partilho o meu quarto!
Nesse momento Diogo interviu:
- Espera... teu quarto? Porque razão há de ser teu?
Antes que João respondesse e se iniciassem desentendimentos, André disse:
- Calma. Vamos entrar e ver como é a casa. Se houver apenas um quarto, tirámos à sorte.
João, ainda um pouco ressentido, disse:
- Oh espertinho... e fazemos como? Deitámos uma moeda ao ar?! Nós somos três!
André resolveu ignorar o amigo e entrar na casa. Começou por abrir o portão do jardim, e quão estupefactos não ficaram ao presenciarem o ruído que fez. Parecia que ninguém o abria há mais de dez anos!
- João, pega na tua mochila e tira um bloco de notas - ordenou André.
Ele não entendia para quê, porém resolveu fazer como lhe fora pedido. Pegou na sua mochila que André e retirou de lá um bloco de notas.
- Agora escreve o seguinte... - dizia André.
- Espera! Não me disseste que era preciso escrever, tenho de tirar uma caneta!
André ficou espantado com o que acabara de ouvir, e estava quase a perguntar-lhe o que pretendia fazer com o bloco de notas, quando João disse:
- Vá, diz aí o que queres que escreva.
Então André acalmou-se e disse:
- Escreve uma lista de tarefas. Primeiro: olear o portão de jardim. Segundo: melhorar o aspeto do jardim.
João olhou para André.
- Espera, vamos fazer de jardineiros? Para que queres um jardim bonito? Vais dormir lá, é?
André respondeu a João:
- Para que queres uma casa pintada e limpa? Vais dormir no chão?
- Espera... primeiro, eu nunca disse que queria a casa pintada e limpa, porque ainda não vimos o interior. Segundo, se vamos tirar à sorte e se não houver quartos, sim, vou dormir no chão!
Diogo riu-se e os três amigos entraram dentro de casa. O que viram de seguida, foi tudo menos o esperado.
 

DeletedUser14254

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Capítulo 10

- Eu pensava que ela ia estar em mau estado, mas não tanto! - dizia Diogo.
Realmente, a casa estava pior do que qualquer um poderia imaginar. O chão principalmente junto à porta estava lamacento, se bem que a lama já se tinha espalhado por grande parte do piso.
As paredes estavam esburacadas, ao ponto de caber a cabeça de um humano nos buracos e ser possível ver a outra divisão através dos buracos. Nas esquinas das paredes, havia teias de aranha.
- João, tira o bloco de notas - disse André.
- Já o tenho na mão.
André começou a ditar as tarefas enquanto viam todo o piso inferior. Havia um quarto, uma cozinha, uma casa de banho e uma sala de estar. Subindo as escadas, no piso superior tudo estava em melhor estado. Existia alguma sujidade, é certo, mas nada que se comparasse às condições do andar de baixo.
Continuaram a vasculhar, e encontraram um quarto e uma grande sala, do tamanho de 3/4 do piso.
André continuava a recitar a lista de tarefas e quando terminou, disse:
- Bom, há dois quartos: um aqui e outro no piso de baixo. Vamos tirar à sorte e ver quem fica com o quarto de cima, com o de baixo e quem fica com nenhum.
- Mas como? - perguntou Diogo.
- Com três paus, cada um de tamanho diferente. Quem tirar o maior fica com o quarto de cima, o médio com o de baixo e quem tiver a pouca sorte de pegar no mais pequeno, vai ter de improvisar um quarto.
Os outros dois pareciam concordar com a decisão de André.
- Diogo, vai buscar três paus ao jardim por favor. Eu depois corto-os aqui e para não dizerem que escolhi o maior porque o conhecia, sou o último a escolher, ficando com o que sobrar.
- Parece-me bem - disse João.
Diogo foi em busca dos paus enquanto André e João ficaram onde estavam.
- Enquanto esperámos, vamos deixar as mochilas na sala grande - propôs João.
- Ora aí está a primeira coisa inteligente que disseste hoje.
João não pareceu ter entendido a piada, pois não respondeu como era costume.

Passados alguns minutos, Diogo ainda não havia voltado.
- Será tão difícil assim encontrar paus no jardim?! - dizia em tom de repreensão, João.
- Não me parece que seja. Vou lá ajudá-lo.
André desceu as escadas e saiu pela porta da frente. Encontrou três paus mesmo à entrada da porta, notavelmente cortados por mãos humanas. Porém, Diogo não estava lá.
- João! Andá cá!
O investigador desceu rapidamente as escadas e deu com André à entrada de casa.
- Boa, já temos paus! - disse João, rejubilante.
- Pois, paus temos, não temos é o Diogo.
João olhou em volta. Passou o olhar por todo o jardim e não havia sinais do amigo. Foi até ao portão de entrada, enferrujado, e dirigiu a sua vista até ao limite da estrada. Mais uma vez, não avistou Diogo.
- Que achas que aconteceu? - perguntou Diogo.
- Não sei. Pode ter ido dar uma volta.
- Uma volta?! Ele ia levar-nos os paus, não me parece que seja pessoa de deixar uma tarefa e os amigos pendurados!
- Sabes lá, tu mal o conheces! Não o vês há três anos, não sabes o que aconteceu enquanto esteve ausente nem se mudou!
- Olha lá, cuidadinho com o que dizes do Diogo! Posso não o ver há três anos mas eu conhecia-o!
André sabia que a discussão ia durar e que o temperamento de João o faria fazer algo que não pretendia. Por isso, acalmou-se e disse:
- Calma. Esperemos até logo à noite. Se ele não voltar, falamos com o Tom.
João assentiu e os dois voltaram para casa. Foram tratando do interior da moradia e com a noite, chegava o frio, por isso André acendeu a lareira.
- É de noite e o Diogo não voltou. Temos de ir falar com o Tom, aliás, deveríamos tê-lo feito logo - disse João.
André concordou e saiu com o amigo em busca da casa de Tom. Quando lhe contaram o que se passara, a sua reação assustou ambos:
- Não, outra vez não...
 

DeletedUser14254

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Capítulo 11

- O que se passa Tom? - perguntou João.
- Agora não há tempo para explicar. Preciso de chamar todos os investigadores à praça. Vão também, quero todos lá em dez minutos!
André e João fizeram como Tom pedira, sem requisitarem mais explicações, pois a sua expressão facial era o suficiente para perceberem que algo de muito grave se passava, algo que ele temia e todos deveriam temer.
Os dois amigos correram em direção à praça que ficava no centro do acampamento e já estava preparada para albergar grandes multidões. Perceberam que deveria ser o local de reuniões ou comunicados importantes à elite de cientistas que habitava Dong District.
Passados uns minutos, Tom chegou, e para surpresa de todos, não houve contagem de presenças.
- Meus caros. A situação pela qual me apresento aqui não é nada agradável. Sei que pouco ou nada sabem sobre a vossa missão aqui, mas por favor compreendam que a ocultação de detalhes servia para preservar a vossa segurança. Porém, agora que a segurança de todos os que aqui se encontram pode ser muito questionada, não há razões para continuarmos a manter a informação em segredo. Mas antes de tudo, tenho de vos informar de que um colega vosso, português e chamado Diogo Magalhães desapareceu.
A multidão que ouvia Tom atentamente começou a sussurrar, e Tom foi obrigado a mandá-los calarem-se.
- Continuando... estes acontecimentos também se sucederam com a anterior escolta de cientistas que pouco a pouco iam desaparecendo, até que nenhum sobrou. Hoje, presenciámos isto novamente. Peço-vos por isso que tenham o máximo cuidado. Durmam por turnos, armados e evitem sair de casa. Nunca saiam sozinhos e acima de tudo, se virem algo de estranho ou anormal, notifiquem-me. Mas peço-vos ainda, e isto o mais importante, mantenham-se calmos.
Da multidão, um indivíduo perguntou:
- Mas quem raptou esse português?
Tom não se mostrava muito à vontade em responder, mas acabou por revelar alguns detalhes.
- Não vos podemos dizer tudo. O que sabemos e vos podemos dizer é que quem o raptou, ou quem o mandou raptar, é tudo menos humano. Garanto-vos, neste momento todos vocês prefeririam estar a lutar contra o demónio do que enfrentar quem não vos quer aqui.
O balbucio recomeçou na praça e Tom abandonou a zona de discursos e retirou-se para casa. André seguiu imediatamente a correr, atrás dele.
- Tom! Tom! - gritava André.
O instrutor virou-se e viu o português.
- O que disse eu sobre não andarem sozinhos?
- Grande lição de moral, neste momento se eu cá não estivesse, você também estaria sozinho.
A Tom agradou-lhe a constatação de André e pediu-lhe que continuasse.
- É assim, não sei até que ponto isto é importante, mas à chegada aqui à base, vi que todas as casas se encontravam desertas.
- Constataste o óbvio... é só isso que me querias dizer?
- Não, não! O que me deixou intrigado foi o facto de quando estávamos quase a entrar aqui no acampamento, vi alguma coisa lá fora... Pareceu-me uma pessoa, mas não vi bem, e quando disse ao João ele disse que podia ter sido um animal e para ignorar... Mas eu percebi que, o que quer que fosse, olhou fixamente para nós...
- Estranho - disse Tom - esta zona está praticamente deserta devido aos problemas que têm havido... Tens a certeza de que viste bem?
- Sim... quer dizer... a mim pareceu-me uma pessoa, mas se não o fosse, só podia ser um primata que são os únicos animais relativamente semelhantes a nós...
- Não, com certeza não foi um macaco ou um gorila. Esta região está desprovida desse tipo de animais. Mas se realmente era uma pessoa... - Tom fez uma pausa para pensar, e André interrompeu-o.
- Se era uma pessoa o quê?
Tom não queria revelar mais nada para segurança dos seus cientistas, por isso, atrapalhado, encontrou uma mentira.
- Se era uma pessoa, então é muito imprudente andar por esta zona!
Tom pediu a André que fosse ter com João e voltassem a casa. Já o instrutor, também foi para casa, sabendo que o que André lhe contara era muito mais importante do que ele alguma vez teria ideia e isso punha-o em grande perigo.
 
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