Capítulo 3
A viagem estava a demorar mais tempo do que João pensara.
- Calma João! Já é a sétima vez que olhas para o relógio nos últimos três minutos!
João ficou incrédulo com o que ouviu.
- Ainda só passaram três minutos?
- Mas então não estás a olhar para o relógio? – disse André com um pouco de sarcasmo.
João resolveu ignorar o humor do colega. Na realidade ele olhara para o relógio, mas nem reparou que horas eram. Pensava já ter passado um quarto de hora, mas afinal só tinham passado três míseros minutos!
- Falta muito? – perguntou João, esperando uma resposta do segurança.
- Não. Devemos chegar às instalações do SSE em cinco minutos.
João sentia – se indignado. Não sabia se estava pronto para esperar mais cinco minutos. André, adivinhando o estado de espírito do amigo, sugeriu:
- Vamos fazer um jogo! O primeiro a ver um carro amarelo, ganha!
João achava que se tratava de um jogo idiota, mas depois de pensar novamente notou de que seria a melhor forma de passar o tempo e aceitou. Na realidade encontrava – se confiante na vitória.
- Táxis não contam! – acrescentou André.
João sentiu a sua confiança a descer pelo cano abaixo. Olhou para André e quando estava prestes a dizer algo, reparou que este já se encontrava vidrado no exterior das janelas.
- Como é que ele está a levar este jogo tão a sério? – pensava João.
Ficou mais uns segundos a olhar para André, estupefacto com tamanha estupidez, quando este interrompeu os seus pensamentos:
- Carro amarelo, ganhei!
João foi apanhado de surpresa. Como mau perdedor que era, disse:
- Não valeu, estava distraído!
- Não arranjes desculpas João. Ganhei. Ponto final.
João sentou – se amuado e não trocou nem mais uma palavra com André.
- Estamos a chegar! – informava o segurança.
Nessa altura João olhou lá para fora e verificou que se encontravam numa zona de subúrbios da cidade de Boston. Viam – se algumas moradias e no limite da sua visão, no fundo da estrada, via – se um prédio. João questionava – se sobre quem viveria em tal prédio em ruínas quando verificou que a limusina começava a abrandar.
- O que
estar passar? – perguntou João surpreso com a diminuição da velocidade a que se dirigiam.
- Chegamos – afirmou o segurança.
João verificou que se encontravam em frente ao prédio em ruínas que vira à distância.
- Saiam por favor – dizia o segurança, abrindo a porta traseira da limusina.
João e André saíram. Ficaram alguns segundos parados, olhando à sua volta, tentando descobrir para onde iriam agora.
- Sigam – me – afirmou o segurança.
André e João seguiram as suas ordens. O segurança encaminhou – os para o prédio que João vira. Lá dentro, João e André poderam notar um terrível odor a algo inexplicável.
João olhou para as escadas e adivinhando o próximo passo do segurança, dirigiu – se rapidamente para lá. Porém, assim que tentou subir, os degraus abateram – se.
- Como vamos subir
– nos? – perguntou João, ainda a recuperar do susto.
- Não vamos. Na realidade vamos descer.
João olhou admirado para o segurança. Não haviam escadas ou elevadores para descer.
- Sigam – me.
O segurança encaminhou – os para cima de um tapete. Retirou – o e abriu um alçapão que se escondia por baixo deste.
André olhou através do buraco que agora se abria no chão e perguntou:
- Como vamos descer isto?
O segurança apontou para umas escadas que se prendiam à parede.
- Não vens? – perguntou João.
- Não. A partir daqui não sou autorizado a avançar. Terão de fazer o resto do caminho sozinhos.
João preparava – se para reclamar quando verificou que André já se encontrava a descer pelas escadas. João apressou – se então a segui – lo e assim que entrou no buraco negro, o segurança fechou o alçapão e escondeu – o novamente.
- Isto não me cheira nada bem… - disse, então, João.